Casa onde viveu Bernardo José da Silva Guimarães, serviu, durante várias décadas do século XX, de asilo de velhos da Sociedade São Vicente de Paulo; atualmente o imóvel é uma das dependências da FAOP (Fndação de Arte de Ouro Preto).
Bernardo Guimarães - Era filho de João Joaquim da Silva Guimarães, também poeta, e de Constança Beatriz de Oliveira Guimarães. Ele se casou com Teresa Maria Gomes Guimarães, e tiveram oitos filhos: João Nabor (1868-1873), Horário (1870-1959), Constança (1871-1888), Isabel (1873-1915), Affonso (1876-1955), José (1882-1919), Bernardo (1832-1955) e Pedro (1884-1948).
Formou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1847, e nesta cidade tornou-se amigo dos poetas Álvares de Azevedo (1831-1852) e Aureliano Lessa (1828-1861). Os três e outros estudantes fundaram a Sociedade Epicuréia. Foi nessa época em que Bernardo Guimarães teria introduzido no Brasil o bestialógico (ou pantagruélico), que se tratava de poesia cujos versos não tinham nenhum sentido, embora bem metrificados. A maioria dessa poesia não foi publicada porque era considerada pornográfica, e se perdeu. Para alguns críticos, o melhor do escritor seria o bestialógico. Um exemplo dessa produção (não-pornográfica) é o soneto Eu Vi dos Pólos o Gigante Alado. Wilkpedia
Eu vi dos pólos o gigante alado
Eu vi dos pólos o gigante alado,
Sobre um montão de pálidos coriscos,
Sem fazer caso dos bulcões ariscos,
Devorando em silêncio a mão do fado!
Quatro fatias de tufão gelado
Figuravam da mesa entre os petiscos;
E, envolto em manto de fatais rabiscos,
Campeava um sofisma ensangüentado!
– "Quem és, que assim me cercas de episódios?"
Lhe perguntei, com voz de silogismo,
Brandindo um facho de trovões seródios.
– "Eu sou" – me disse, – "aquele anacronismo,
Que a vil coorte de sulfúreos ódios
Nas trevas sepultei de um solecismo..."
Bernardo Guimarães