(Lidiane Lobo)
Fiz um poema em Ouro Preto
que criou vida própria
e me disse:
Adeus!
Preferiu ficar por lá…
Eu entendo.
Dele ficou uma vaga lembrança…
Aí está.
Tuas manhãs claras
teus sinos que soam a cada hora lenta
teu céu de noite tão estrelada
teu sabor
Cada pedra dessa ladeira
cada passo
cada rua Direita
cada sonho: liberdade
e as idéias…
Se olho para cá
vejo o Itacolomi
Se olho para lá também
Se olho para cá
vejo uma igreja
Se olho para lá também
Se olho
vejo uma história
Um anjo sem mãos esculpiu a tua face
Um doce Guignard tocou-lhe com o pincel
E muitos, muitos outros
Com os quais sonho
Quem foi Tiradentes
não sei bem.
Mas vi uma marca de sangue
estampada ali na praça
e que não quer
nem irá perder-se
Chica da Silva, Chico Rei,
Dirceu, Marília…
Não sei bem
não sei, não sei, não sei…
Mas, sim,
certemente
eu os vi
Ouro Preto agora
aponta-me outros caminhos
por uma estrada
nem sempre real
Como estará o meu poema que deixei por lá?