quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Livro de histórias de minha terra


Autor: Públio Athayde

Preço de venda: R$ 36,51 Edição: 1 ª ( 2009 )

Número de páginas : 118
Código: 000000008976B001
Tópicos: Artes, Ciências Humanas e Sociais, Geografia e Historia .
Palavras-chave: arquitetura, boarroco, história, musica, ouro, preto .
Veja o livro a venda

Número de páginas: 118
Peso: 158 gramas
Edição: 1 ( 2009 )
Acabamento da capa: Papel supremo 250g/m², 4x0, laminação fosca.
Acabamento do miolo: Papel offset 75g/m², 1x1, cadernos fresados e colados, A5 Preto e Branco.
Formato: Médio (140x210mm), brochura com orelhas.

Este livro congrega seis artigos com uma temática comum apaixonante: Ouro Preto. Os olhos do historiador ouropretano convergem para a paisagem, a arquitetura, a música e o povo desta cidade, para as relações destes elementos nos tempos passado e presente de modo inequivocamente passional, mesmo considerada a abordagem metódica e a pretensa erudição. A paixão, confessa no primeiro artigo (Eu “Ouro Preto”), se desdobra em considerações topográficas sobre os templos coloniais (Adequação retórico-arquitetônica da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto). A mesma paixão visceral que aguça os ouvidos para sons reais e imaginários (Música colonial, cérebro retórico e êxtase religioso) relê a poesia arcádica situando física e politicamente as referências do poeta detrator (As cartas chilenas: carta terceira, notas de leitura). Ainda com os olhos voltados para o passado, e nada é mais presente no passado que a morte, abstrair de algumas lápides os resquícios das paixões de outras épocas é tarefa inglória e fascinante (Aqui jazem os restos do irmão J.F.C. falleciddo), tanto quanto querer apontar nos requícios já arqueológicos da mineração aurífera (Curral de Pedras: abandono e omissão) as tensões vividas em uma época anterior cujas marcas estão por todo lado, cravadas na essência da brasilidade. A retórica da história clama em coros dissonantes e cada vagido é repleto de significâncias, todas elas se articulando para dar significado ao que somos. Cada olhar sobre a Ouro Preto de outrora completa a visão que temos de nós mesmos, quer como agentes de uma existência em contínua construção, quer como amantes do pretérito edificado em magnífica herança.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

II Encontro Memorial do ICHS / UFOP


30º Aniversário do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (1979 - 2009) 11 a 13 de novembro de 2009 em Mariana/MG O Instituto de Ciências Humanas e Sociais / ICHS da Universidade Federal de Ouro Preto / UFOP completou, em novembro de 2009, 30 anos de sua instalação no antigo prédio do Seminário Menor de Nossa Senhora da Boa Morte, em Mariana/MG.
Esta cidade foi marco da história e da educação em nosso país, por ter sido a primeira cidade de Minas Gerais e onde funcionaram os primeiros estabelecimentos educacionais do estado.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Marília & Dirceu


Outro livro disponível para compra pelo sistema de impressão sob demanda! Estou preparando para disponibilizar todos meus trabalhos. Com o apoio de meus leitores, milhares, que se dispuseram a ler meus trabalhos nas versões e-book. Agora eles podem ser impressos! Nesta versão há um texto explicando a origem do trabalho, um caso bem interessante. Clique no livro para comprar.

Teatro. Drama em um ato de Públio Athayde sobre textos de Tomas Antônio Gonzaga, José Benedito Donadon-Leal e Públio Athayde. Ao fundo do palco vêem-se a casa de Marília e, em último plano, o Itacolomi, nos lados, altares "barrocos" com ícones gregos mencionados no texto; alguns móveis, dois leitos e adereços de época, velas acesas, luzes cambiantes entre os vários ambientes de cena.

30º Aniversário do ICHS - UFOP

30º Aniversário do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (1979 - 2009)
11 a 13 de novembro de 2009 em Mariana/MG

O Instituto de Ciências Humanas e Sociais / ICHS da Universidade Federal de Ouro Preto / UFOP completa, em Novembro de 2009, 30 anos de sua instalação no antigo prédio do Seminário Menor de Nossa Senhora da Boa Morte, em Mariana/MG. Esta cidade foi marco da história e da educação em nosso país, por ter sido a primeira cidade de Minas Gerais e onde funcionaram os primeiros estabelecimentos educacionais do estado. Desde sua instalação, em 09 de Novembro de 1979, o Instituto vem oferecendo os cursos de História, de Letras e, recentemente, de Pedagogia. Recebendo mais de 240 alunos por ano, tais cursos habilitaram, durante seu funcionamento, muitos profissionais de relevante atuação profissional, no país e no exterior. Outrossim, manteve em seus quadros professores de igual relevância e distinção. Para marcar esses trinta anos de serviços prestados à educação por este Instituto, um grupo de professores, alunos e funcionários que estão ou estiveram ligados ao ICHS se reuniu com o propósito de realizar o segundo Encontro Memorial. Assim como seu precedente, o II Encontro Memorial do ICHS pretende levantar e atualizar a memorabilia das produções humanísticas dos profissionais ligados a essa instituição. Não por coincidência, o período em que o ICHS comemora os seus 30 anos assiste à expansão do Instituto, não apenas com a criação de novos cursos de graduação, com forte inserção social na Comunidade das históricas Mariana e Ouro Preto, como é o caso do curso de Pedagogia, como também experimenta um processo de verticalização, com a implantação de cursos de pós-graduação strictu sensu. As orientações dos programas de Pós-graduação em História e em Letras convergem para a valorização dos acervos documentais depositados na região, para a preservação da memória e para as reflexões em torno do Patrimônio Histórico da primeira capital, Vila Rica, e da Primeira cidade de Minas Gerais, Mariana.
O desenho de Brumeister que ilustra este post foi roubado em SP.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A coleção do Museu do Oratório

Por André Legos* (et alii)
A coleção do Museu do Oratório, em Ouro Preto, como já sugerido em seu nome, constitui-se de oratórios e imagens brasileiros datados do século XVII ao XX. Feitos de materiais diversos, com a predominância do uso da madeira, a coleção apresenta raridades como o oratório feito em ovo de ema.
O uso de oratórios tem origem na Idade Média e chegou ao Brasil no processo de expansão portuguesa. Inseridos na cultura de diversas regiões, grupos sociais e perdurando por diferentes épocas, os oratórios brasileiros adquiriram diferentes usos e faturas. Portanto, cada tipo de oratório tem a capacidade de documentar o desenvolvimento técnico, a linguagem estética, a relação com o sagrado e as práticas religiosas dos diversos grupos que compunham os períodos que representam.
Considerando os fatores acima relacionados, os oratórios da coleção de Ângela Gutierrez foram classificados de acordo com o uso, forma, local, estética, período e usuário. Dividem-se em quatro grandes grupos: Oratórios de Viagem, Oratórios Populares Domésticos, Oratórios Afrobrasileiros e Oratórios Eruditos e de Referência Artística.
O grupo de Oratórios de Viagem possui oratórios de pequena dimensão, portáteis, que eram utilizados comumente por viajantes, mas também como amuletos e objetos de fetiche. Os oratórios presentes nesse grupo são: oratórios de algibeira e oratórios-pingentes, usados no dia-a-dia e junto ao corpo; oratórios de alcova, utilizado pelas mulheres e passados de mãe para filha; oratório de esmoler, oratórios itinerantes exclusivos do espaço urbano utilizados para arrecadar dinheiro para as irmandades; oratórios-balas, oratórios em formato de bala de cartucheira, fecháveis, de uso comum a viajantes; oratórios de convento, caixilhos decorados, com gravura ou estampa de santos feito por conventos para venda e arrecadação de dinheiro.
O segundo grupo, Oratórios Populares Domésticos, é constituído de oratórios de uso doméstico, ocupavam lugar de destaque na casa, normalmente de grande porte, era usado em preces coletivas. Além de ocuparem também os quartos, ganhando caráter mais íntimo. Normalmente em forma de armário, possuem tamanho e decoração variados de acordo com o uso e a condição financeira do devoto.
Os Oratórios Afrobrasileiros possuem a marca do sincretismo religioso. Normalmente em forma de armários e entalhe simples, esse grupo apresenta exemplares feitos em metal. As imagens não possuem erudição na fatura e os ícones mais usados eram o Divino Espírito Santo, Virgem do Rosário, São Jorge, São Cosme e São Damião, Santa Ifigênia, São Sebastião e Santo Antônio. É comum o uso de símbolos geométrico de significados místicos como elementos decorativos. Nos oratórios eram guardados diferentes tipos de objetos, inclusive colares do candomblé.
Os Oratórios Eruditos são os que possuem referência na produção artística da época. Pertencentes às classes mais abastadas, normalmente são grandes oratórios, em forma de armário, com talha e policromia sofisticada. São recorrentes os temas barrocos e rococós, com a presença de conchas, rocalhas, volutas e rendilhados. Esse grupo possui os oratórios do fluminense Francisco Xavier dos Santos, decorados com conchas. Além desses, esse grupo possui um oratório cuja pintura é atribuída a Manuel da Costa Athayde e uma imagem a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
A maioria das peças que compõem a coleção do Museu do Oratório não possui autoria comprovada, isso devido à assinatura de obras não ser usual. A partir de um estudo da obra e por meio de documentação pode ser possível identificar a autoria. Alguns objetos da coleção são feitos por artífices, que não possuíam linguagem singular, sendo a autoria impossível de ser identificada, por vezes sendo apenas levantados dados sobre a região e o grupo que os fizeram, isto pelo estudo dos materiais, técnicas e linguagem.
*André Legos estuda Museologia na UFOP.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Ótimos presentes no Natal: livros

Sonetos para Ser entendido
"Públio Athayde estreia na poesia de uma forma pouco comum. É o próprio título que talvez forneça a principal chave de leitura dos textos: algo como uma ascese para se chegar ao entendimento e ser um entendido em paz neste mundo. O leitor, além disso, deve se manter atento, tal como o poeta nos adverte o poema “De atalaia”: “Porque coisa escondida existe / Até no mais óbvio do chiste.” [...] Como sabemos, o cômico, a ironia, o grotesco, o escatológico, o blasfemo, o chulo são territórios considerados menos nobres na literatura, ainda sob o império do apolíneo. São raros, portanto, os autores que levam a sério a pesquisa desses territórios e sabemos de sua luta para terem as respectivas obras reconhecidas. [...] Encerro no poema “Pátria”, da sessão “Sonetos infantis”, que foi escrito quando Públio era ainda um menino e acreditava em tantas coisas importantes. É porque no centro do riso mora uma pungência insofismável." Ronald Polito
Dirceu - Sonetos Bem(e)Dito(s)
Quatorze versos cada poema de vário amor absolutamente bandido. Uma contorção de quem subtrai a Musa ao tango para trazê-la a um sabá orgírico em ritmo de seresta. Poesia-tese é a resposta que Doroteu nos oferece
Camonianas
Quatro sonetos de Luís de Camões dão origem a 56 composições em que o poeta Públio Athayde desenvolve sugestões de cada um dos versos da significativa tetralogia. Tomado como primeira frase dos novos poemas, o verso do grande luso é o mote que conduz o desempenho do sonetista ouro-pretano no virtuosismo de uma delicada, difícil e audaciosa operação.

Articulando

Coletânea de artigos. Alguns são artigos leves, outros bem mais profundos. Alguns têm origem em trabalhos acadêmicos e foram simplificados para essa edição, estando disponíveis inclusive pela internet, suas versões completas e anotadas. Há artigos bem recentes e outros de mais de dez anos.
Novo livro publicado. Não necessariamente novos textos, pois se tratae de uma coletânea de Públio Athayde:
"Juntei alguns artigos espalhados (mentira: estavam todos na mesma pasta do computador), selecionei bastante (outra mentira: coloquei tudo que era pertinente) e organizei esse livrinho eletrônico com o que prestava (ou eu pensei assim). O bacana é a facilidade, o baixo custo (zero) e a provisoriedade: tudo pode e vai ser revisado montes de vezes e nunca estará perfeito."
Para saber mais, clique nos títulos ou nos livros em que estiver interessado.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

II ENCONTRO MEMORIAL DO ICHS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
II ENCONTRO MEMORIAL DO ICHS: Nossas Letras na História da Educação
De 11 a 13 de novembro de 2009
Um encontro para comemorar a trajetória feita até aqui e traçar novos caminhos. Uma oportunidade para atualizar o conceito e o significado de um dos começos em nossa memória: uma escola que, antes e agora, ajudamos a construir. O encontro será organizado em dois eixos de atividades: acadêmica/científica e artística. Visite o site do evento para conferir a programação e os procedimentos para inscrição e envio de trabalhos.

Para maiores informações, clique aqui.

Favor noticiar a seus contatos.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Ouro Preto: a Praça não é do povo

Flávio Andrade repudia
a forma do 21 de abril
Carta de Protesto redigida pelo Vereador Flávio Andrade

Este 21 de Abril ficará na memória dos ouro-pretanos. Nos meus 55 anos de vida, não me lembro de comemoração mais ostentativa e desrespeitosa para com a minha terra.

A Praça Tiradentes, coração de Ouro Preto, ficou praticamente fechada por uma semana, atravancando o funcionamento da cidade viva. Na entrada do espetáculo da Bibi Ferreira, fomos revistados humilhantemente, como se fôssemos assaltantes ou terroristas. Ouro-pretanos que saíram pra trabalhar nesta terça feira foram proibidos pela Polícia de passar a pé pela Praça Tiradentes. O monstruoso aparato montado para a comemoração assustou a todos.

Em tempos de crise, a gente se pergunta: quanto custou esta festa? Palanques enormes na Praça Tiradentes e na Praça da UFOP. Centenas de policiais. Dezenas de técnicos e operários por uma semana em Ouro Preto. Transporte e a alimentação pra este povo todo. Equipamentos de som e luz sofisticados, montados nas duas praças. Grades fechando cada canto onde alguém poderia passar. Helicópteros cruzando o céu pra lá e pra cá o dia todo. Centenas de flores e medalhas. Horas e horas de trabalho de servidores do Governo do Estado. Cachês de artistas. Ônibus e mais ônibus transportando claques com pulserinhas e bandeiras do partido do Governador.

Será que não dava pra homenagear a Inconfidência Mineira de maneira mais digna e verdadeira? Será que este show-bussines não bate de frente com os famosos e tão decantados ideais da Conjuração Mineira? Será que não seria mais respeitoso com a memória de quem morreu pelo Brasil fazer um evento menos espalhafatoso? Será que não bastaria colocar uma coroa de flores aos pés de Tiradentes, como Juscelino fazia?

Patrocinar esta gastança de dinheiro público num tempo de crise e desemprego é rir do sofrimento e da dignidade do povo mineiro.

Não é esquisito comemorar a Liberdade proibindo pessoas de andarem em sua própria cidade? Revistando pessoas de bem como se fossem bandidos.
(...)
Sou contra este tipo de comemoração. Ouro Preto quer outro tipo de festa. Quer um evento com a participação de autoridades, artistas, policiais e, principalmente, dos donos da casa.

Os ouro-pretanos, de nascimento ou por adoção, dividimos nossa praça literalmente com o mundo todo. Só pedimos respeito.

Flávio Andrade
Vereador do Partido Verde de Ouro Preto 
Leia tudo sobre 21 de abril, depois leia ainda:  Polêmica no barroco mineiro - Senhor Cê - Caixa d'água, na Água Limpa - Ponte do Pilar

21 de abril em Ouro Preto - Gentrificação

A praça Tiradentes em 21 de abril é
o contrário do que o povo deseja
Chama-se gentrificação (um neologismo que ainda não consta dos dicionários de português) ou enobrecimento urbano, de acordo com algumas traduções, a um conjunto de processos de transformação do espaço urbano que ocorre, com ou sem intervenção governamental, nas mais variadas cidades do mundo [1]. O enobrecimento urbano, ou gentrification, diz respeito à expulsão de moradores tradicionais, que pertencem a classes sociais menos favorecidas, de espaços urbanos e que subitamente sofrem uma intervenção urbana (com ou sem auxílio governamental) que provoca sua valorização imobiliária.

Esses processos são criticados por alguns estudiosos do urbanismo e de planejamento urbano devido ao seu comum caráter excludente e privatizador. Outros estudiosos, como o sociólogo Richard Sennett da Universidade Harvard [2], consideram demagógico o caráter das críticas, argumentando que problemas urbanos não se resolvem com benevolência para com as camadas mais pobres da população e, na sua opinião, só se resolvem com alternativas que reativem e recuperam a economia do local degradado.

Leia tudo sobre 21 de abril, depois leia ainda:  Olhos que viram Ouro Preto - Direito à tradição - Presépios

21 de abril em Ouro Preto IV

Praça tiradentes em 1956
"É incrível como após anos e anos dessa festa (?) sem nenhuma relação com a cidade em si ainda persistam em montar esses "monstrengos" de estrutura metálica, de pouquíssima funcionalidade e de gosto bastante duvidoso.... Cafona!!! "
Sérgio Rafael do Carmo

Isso é um tapa na cara que levamos a cada ano, proibidos de usar nosso espaço, insultados em nome da liberdade. Getulio Vargas, Figueiredo, Lula e Aécio foram protagonistas desse insulto a nós todos.

"Leva-nos a pensar: a que se destinam as cidades patrimônio cultural da humanidade? O tempo tem mostrado que esse título insere o que se chama gentrificação. As decisões acerca da cidade não são expressas pela vontade do povo daqui. Esse evento é arbitrário, parece incontestável. Mas se enchem os hotéis, as lojas de pedra, os restaurantes e tem veiculação forte na mídia. É excludente, revoltante. Mas, serve de trampolim político. A quem serve o tal título? A bem poucos, me parece. "
Milton Ferreira Athayde
Leia tudo sobre 21 de abril, depois leia ainda: Desarticulando - Ideias ouro-pretanas - Sexo dos anjos - Fotos de criança

21 de abril em Ouro Preto III

A maioria das pessoas conhece as imagens da Praça Tiradentes em Ouro Preto, mas essas fotos que estou postando aqui envergonham qualquer ouropretano, são exemplos da humilhação que nos é imposta anualmente, quando privatizam a nossa praça para uso do governador. Somos proibidos de usar nossa ágora em nome das liberdades democráticas.

Aspecto da Praça Tiradentes entulhada
Ali deve ter havido um trapézio, nele deve ter se pendurado outro governador...

Estátua de Tiradentes poluída por montagens
Lá do seu alto, Tiradentes pode ter se perguntado:
- E que tenho eu a ver com esse circo?

Antigo prédio da Escola de Minas
O velho palácio-escola-museu escondido por novidades transitórias.

21 de abril em Ouro Preto II

Basta alguma sensibilidade para que se veja o que é feito em Ouro Preto em nome das liberdades cívicas e do louvor à memória do Tiradentes.

Palcos e palanques na praça Tiradentes
O desmonte do circo em que os palhaços não respeitaram o público.

Sobrou apenas a capela do Palácio dos Governadores para ser vista
Pena que a arquitetura do XVIII tenha sido escondida por andaimes.


O sépia não esconde a tristeza na praça Tiradentes
A velha Praça, desmontada de novo.

21 de abril em Ouro Preto I

Pensei escrever uma cônica sobre o 21 de abril em Ouro Preto, concluí que bastam algumas legendas mostrando a praça Tiradentes sendo desmontada, depois da renovação do triste espetáculo da liberdade conspurcada.

Pode-se entender a praça Tiradentes assim?
O palácio-escola-museu, eclipsado por um telão de pisca-pisca.

Pode-se aceitar a praça Tiradentes assim
Lá no fundo, pode-se ler, bem escondida no palanque, a palavra liberdade:
envergonhada do uso que fazem dela.


Anualmente se repetem esses abusos em Ouro Preto
Tamparam a casa do Pilão com um telão... 

sábado, 18 de abril de 2009

O som, o tom e a melodia colonial ...


A caverna em que habito fica numa região em que há muitas outras. Passei nela uma madrugada acordado, tentando ouvir o silêncio da noite – nem havia estrelas. As outras pessoas que vivem comigo não produziam nenhum ruído, provavelmente dormissem...
Mas o que menos pude ouvir foi o silêncio. Não havia nenhum fogo em minha espelunca, mas várias luzes penetravam pelas frestas, nenhuma delas natural. Mas havia ruídos das cavernas adjacentes, de todos os lados, das pessoas transitando entre elas, e dos fogos sempre acesos em algumas delas, de animais... Nunca há silêncio, quando há tantas cavernas.
Do silêncio da noite, aquele que nos permite ouvir a voz das estrelas, só pude ter a saudade de algum dia bem distante quando estive em lugar bem menos habitados, lugar em que o fogo mais perto, em linha reta, teria viajado alguns anos antes de chegar a mim. E os ruídos eram das folhas, dos insetos, o ar se movimentando... Sons que não se sobrepõem ao éter ou ao atrito da atmosfera com o planeta em seu giro diário.
Fiquei imaginando qual seria, há 200 anos, o som da noite no lugar mesmo em que nasci ... Quando ali haveria poucas cavernas e a centésima parte das pessoas dentre as quais eu vivo. E muito poucos lumes e candeias competiam com a radiação dos astros.
Entendi então que, para ter uma idéia qualquer sobre a noção de som, a compreensão de tons e a melodia da música colonial, o ponto de partida seria a aceitação do fato de que os habitantes das cavernas por perto de onde eu nasci, 200 anos antes dessa efeméride, seriam em número muito menor, teriam muito menos fogos a crepitar pela noite, ficariam muito mais recolhidos depois de o sol se por... E estariam muito mais propriamente afetados pela calada da noite. E não é na calada da noite – agora no sentido moderno mesmo da expressão – que estamos mais afetados pelos medos, pelas melancolias, pelos fantasmas e pelas fés? Acredito que a centésima parte das pessoas produzam a centésima parte dos ruídos e tenha motivos para ter cem vezes mais medos.
Fico imaginando a acuidade auditiva dessas pessoas acostumadas a perscrutar dentre o mais profundo abismo sonoro das noites setecentistas os ruídos mas horripilantes das travas e os mais alentadores hinos angelicais.
Nesse contexto de outrora e de agora, dois elementos de análise surgem a se considerar: o som enquanto fenômeno físico e, simultaneamente, inserido em concepções culturais; e, do outro lado, a música propriamente dita, isto é, o som “culturalmente organizado” pelo homem.
O Pe. José Maurício deslumbrando D. João VI e respectiva
Corte com a sua música, segundo Henrique Bernardelli.
Acervo do Ministério das Relações Exteriores, RJ.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Um magistrado honesto ou anjo macho?

Finalmente encontraram um magistrado justo? Pode apagar Diógenes sua lanterna? Resolveram finalmente a questão do sexo dos anjos? Janela agora é lugar de criança sentar? É necessário dar asas à imaginação das crianças? A parede da casa é torta ou fotógrafo tinha bebido? Para bom cristão, se já tem penas, que lhe falta? Será que ele fez isso pra ganhar chocolate?

Quantas perguntas pode suscitar uma foto... mas a explicação de tudo é a seguinte: foi em Ouro Preto.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Olhos que viram Ouro Preto


José Aloise Bahia
"A história literária e artística da cidade, como personagem e fonte de inspiração é muito fértil. Casas, monumentos, praças, museus e igrejas foram entoadas em prosas, versos, linhas, tintas e mãos talentosas de escritores, artistas plásticos, cineastas e jornalistas, cuja gênese é bem antiga - no Arcadismo - e próspera na Modernidade Brasileira. No jornalismo, Tristão de Athayde. No cinema, Humberto Mauro. Nas artes plásticas, além de Aleijadinho, Alberto da Veiga Guignard, Amilcar de Castro, Yara Tupinambá, Nelo Nuno, Wilde Lacerda, Renato de Lima, Inimá de Paula, Carlos Bracher, Chanina, Ivan Marqueti, Maurino Araújo. Na literatura, Cláudio Manoel da Costa, Tomaz Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Júlio Cortazar, Elizabeth Bishop, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Oswald e Mário de Andrade, Cecília Meireles, Murilo Mendes, Gabriela Mistral, Manuel Bandeira, Otávio Paz, Rui Mourão, Ana Miranda e muitos outros"...

A peleja infernal ente Vinicius e Zé Badu

... uma situação vivida por Vinicius de Moraes por estas plagas.
Vamos voltar no tempo, para o mesmo ano em que nosso herói seguiu para Londres, 1938, mais precisamente em agosto desse ano. O local: Ouro Preto. A missão: “debulhar os arquivos da Igreja de São Francisco de Assis, à cata de recibos comprovantes de umas tantas obras atribuídas a Antônio Francisco de Lisboa, o Aleijadinho”. A equipe: o escritor, e então chefe do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rodrigo Mello Franco de Andrade; o arquiteto José Reis “e um poeta com o meu nome (Vinicius), que ainda não praticava a arte da prosa”. A verdadeira façanha de Vinicius ocorre no Hotel Toffolo, na hora da ceia de despedida da missão, uma mesa rabelaiseana que dispunha, entre outras coisas, de um indefectível leitão assado e bebidas para todos os gostos. Afora os três boêmios, se encontravam ainda Carlos Flexa Ribeiro, Wladimir Alves de Souza e a figura folclórica de Zé Badu, “violeiro, cantador e contador de velórios”, companhia constante nas noitadas dos visitantes.Essas informações constam da crônica Ouro Preto de Hoje Ouro Preto de sempre, de maio de 1953, disponível no livro de Vinicius Para uma menina com uma flor. Após uma estada que incluiu um namorico com uma jovenzinha de 13 anos chamada, ironicamente, Marília; muita seresta regada a pinga com cerveja; e, “Tarde laboriosas, a verificar papel por papel nas imensas gavetas das enormes cômodas de jacarandá da sacristia de São Francisco de Assis”, nosso poeta se encontra agora nos fundos do Café do Hotel Toffolo, participando de um desafio de improviso inusitado com Zé Badu. O violeiro mineiro sempre gostou de provocar, na camaradagem cachaceira das noites frias da brincadeiras bairristas, retrucadas e levadas com humor por Vinicius. Agora, em plena festa da ceia, de pinho em punho, o cantador resolve tirar uma quadrinha espicaçando a carioquice de nosso herói que, participando de um desafio pela primeira vez, e estimulado pela platéia de comensais, lança de volta outra quadra “bolindo com Minas”. E assim, pouco a pouco, entre goladas e rimas, o negócio esquenta num crescendo, com as ofensas se tornando cada vez mais picantes de ambas as partes...
Vinicius, por incrível que pareça, começa a levar a melhor sobre o profissional da arte do improviso, talvez porque estivesse “um pouquinho mais sóbrio”. Até o instante inesperado em que o exímio cantador travou, não conseguindo mais responder às provocações de seu oponente, e nosso poeta, exuberante, além de continuar improvisando, ainda lança mais três quadrinhas seguidas, que acabaram por definir a incontestável vitória carioca na histórica peleja. A reação do violeiro não foi menos singular do que a sua derrota: parou imediatamente de tocar e abaixou a cabeça em silêncio. Evidentemente ferido em sua vaidade de grande artista popular, olhou com gravidade para nosso herói e para Rodrigo Mello Franco de Andrade; logo a seguir, num gesto que surpreendeu a todos, pega o seu revólver e começa a mandar balas para o alto, “sacudindo o braço em tiros de raiva”. O clima ficou carregado, a festa, obviamente, acabou naquele exato momento.
Depois, na rua, os ânimos já acalmados, Zé Badu revela a Vinicius que só não “atirara em cima” dele porque ele “era do peito”...

MORAES, Vinicius. Poesia completa e prosa. Org: Alexei Bueno. RJ, Nova Aguilar, 1998.

Senhor Cê

"Em uma viagem as Minas Gerais, descobri um homem que, por certo, é mais conhecido que o presidente da república. Para ser sincero não cheguei a vê-lo pessoalmente, mas todos, sem exceção, conhecem o senhor Cê em Minas.
Eu andava sereno pelas ruas de Ouro Preto, linda cidade, quando, pela 1ª vez, ouvi falar sobre o tão conhecido senhor:
— Cê vai lá em casa? — Perguntou sorrindo uma senhora, que passava pela rua.
— Não sei se será possível! — Respondeu a jovem, educadamente, para a senhora.
Atinei de imediato que esta era secretária, ou em cargo diferente, trabalhava para o senhor Cê. Certeza não tenho, se é nome ou apelido, mas pelo fato de ser conhecido por todos, sei o quão importante é.
Pelo que ouvi, deu-se a perceber que falam, mas têm dúvidas a respeito do popular se nhor Cê.
— Cê é rico!
— Cê mora longe!
— Cê é pobre!
— Cê mora perto!
Com curiosidade em conhecer o famoso senhor, me arrisquei a perguntar a algumas pessoas, fatos que poderiam me levar a ele. Fui até um armazém, e, me dirigindo ao comerciante, perguntei onde Cê morava.
— Não é da sua conta.
Perguntei a uma senhora, que estava sentada no meio-fio, se conhecia o Cê.
— Sim, muito bem.
Perguntei se sabia onde Cê morava. Disse saber, porém não quis me dizer onde Cê morava.
Não obtive sucesso em conhecer, em pessoa, o misterioso senhor Cê. Cheguei à conclusão que todos queriam protegê-lo.
Volto para casa, contente, por saber que pessoas como o senhor Cê também fazem parte da magnífica linha da história.
Para as mulheres que acharam interessante o distinto senhor, digo que é casado, pois ouvi diversas vezes dizerem:
— Cê casou!
Sem sombra de dúvidas senhor Cê é muito especial em Minas."

Azo a crônicas...

Contemplação de Ouro Preto

"Falei que comecei a minha peregrinação – porque foi uma peregrinação que eu empreendi, uma caminhada buscando um lugar que somente a fé explica, que foi a fé e sua força tamanha, e suas contradições, que ergueu. Qual é a jóia mais preciosa do universo? O homem quer erguer templos preciosos como uma jóia, que se multiplica, para chegar a Deus, a jóia mais preciosa."

"Mas preciso caminhar, e entro no Museu da Inconfidência, solene e algo misterioso. Cada passo que dou neste lugar é um passo rumo ao incógnito, lá onde mora o tempo com suas barbas antiqüíssimas. Vou separar duas imagens deste museu, não quero falar muito. A primeira são os madeiros do cadafalso de Tiradentes. Quase escrevo da cruz, que foi numa cruz que primeiro pensei quando vi os estranhos madeiros, cruzando-se como as traves de uma cruz. Não foi à toa que representaram Tiradentes como a figura de um Cristo, com longas vestes e barbas, e o olhar sofredor, nesta terra de tantos Cristos agoniados."

Filhos indo estudar em Ouro Preto

"Uma atitude que ajuda os pais, nessa hora de ouvir os filhos sem interferir, apontando sem e sonham com o que poderiam ter sido ou feito mais prazerosamente? Essas reflexões me fazem lembrar de três anos atrás (credo, já se passou tanto tempo?) quando fui levar meu filho à sua nova moradia em Ouro Preto, até hoje a mesma de quando ele ingressou no curso de Filosofia pela Universidade Federal dessa cidade mineira.

Eu, que ainda tenho a mesa que foi de papai no consultório, e pensava às vezes em deixá-la de herança também para meu filho, como já a usa decidir por eles, é um exame da própria consciência: será que eles mesmos estão na profissão que queriam? Tiveram a oportunidade de escolher, ou foram no embalo também, e hojminha filha também psicóloga (por vocação), tive que fazer cara de paisagem ao pensar em quanto talvez meu filho tenha que penar como professor de Filosofia (“sofressor”, como diz pessoa querida) logo em Minas Gerais, meu estado natal, porque para São Paulo ele já avisou que não volta. Enfim, é o que ele quer. Termina no próximo ano seu bacharelado em Filosofia, e já está engatilhando o mestrado."

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Polêmica no barroco mineiro


A pesquisadora e professora da Universidade Federal de Ouro Preto Guiomar de Grammont lançou um livro que derruba vários mitos sobre Antonio Francisco Lisboa (1730-1814), o Aleijadinho. Em Aleijadinho e o aeroplano o paraíso barroco e a construção do herói colonial (Civilização Brasileira, 322 pgs. R$45), ela questiona a paternidade do artista e até mesmo se ele seria tão deformado, já que não existem provas documentais ou materiais de sua doença, ou do impacto que ela teve no seu trabalho. Além disso, sua obra não foi tão vasta quanto se afirma, e muitas peças atribuídas a ele foram fruto de uma criação coletiva, de um ateliê. Um efeito colateral desse processo seria o ostracismo a que foram relegados diversos artistas da época, em prol do mito Aleijadinho. Guiomar mostra que o personagem de ficção Aleijadinho, como uma espécie de Quasímodo tropical, foi criado e recriado de forma fantasiosa desde sua primeira biografia, escrita por Rodrigo José Ferreira Bretãs em 1856, vinculada a um ideal romântico típico da época. Bretas teria inventado, por exemplo, um pai branco português para o artista, para torná-lo mais palatável como herói nacional. O livro é derivado da tese orientada por João Adolfo Hansen.




Guiomar é Brasileira, de Ouro Preto, Minas Gerais. Nasceu a 03 de outubro de 1963.
Graduada em História, Licenciatura Plena e Bacharelado, pelo Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. Cursou Especialização em Cultura e Arte Barroca no Instituto de Arte e Cultura da mesma Universidade. Realizou o Mestrado em Filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente, cursa o Doutorado em Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo, USP, sob orientação do professor João Adolfo Hansen. Frequentou os cursos da Ecole de Hautes Etudes en Sciences Sociales de Paris durante o ano de 1999 e primeiro semestre de 2000, sendo orientada pelo professor Roger Chartier.
Obteve «Menção Honrosa» na categoria Contos no 22º Concurso da Revista Literária da Faculdade de Letras da UFMG, com o conto «O Diário de Medéia», em 1989.
Publicou o livreto de contos Corpo e sangue, Belo Horizonte: Editora Dez Escritos, 1991.
Concorreu a uma bolsa da Fundação VITAE em São Paulo, com o projeto do romance intitulado A casa dos espelhos, sendo um dos contemplados para o ano de 1992. O romance, com o título Katábasis, produzido com o patrocínio da VITAE, ficou entre os dez finalistas do prêmio Cidade de Belo Horizonte, em 1995.
A coletânea de contos de sua autoria O fruto do vosso ventre foi agraciado com o «Prêmio Casa de las Américas 1993» de Cuba, publicada no mesmo ano em Havana pela Casa de las Américas, e no Brasil, em São Paulo, pela Editora Maltese, em 1994. O livro já foi traduzido para o alemão e, atualmente, está sendo traduzido para o francês.
Publicou artigos em diversos jornais e revistas científicas do país. Coordenou, de 1995 a 1998, o Curso de Especialização em Cultura e Arte Barroca no Instituto de Filosofia, Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto. Atualmente, faz a editoração da Revista do IFAC, uma publicação sobre cultura e arte barrocas da UFOP e leciona Filosofia da Arte para os cursos de Filosofia e Teatro. Organizou dois congressos internacionais sobre o barroco na cidade de Ouro Preto e, na Embaixada do Brasil em Paris, o Colóquio «Autour du Brésil Baroque» na ocasião da Exposição «Brésil Baroque: Entre Ciel et Terre» realizada no Museu do Petit Palais em Paris de 4 de novembro de 1999 à 4 de fevereiro de 2000.
Realizou leituras com sucesso de público na Casa de las Américas de Cuba, na Romanische Buchandlung em Berlin e na Cité Internationale Universitaire de Paris.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Panorâmica de 1870

Por Marc Ferrez
Marc Ferrez fez seus estudos preparatórios em Paris antes de ingressar como aprendiz no atelier fotográfico da Casa Leuzinger em 1861. Seis anos depois instalou-se por conta própria na rua São José 96, onde permaneceu até 1837, ocasião em que um incêndio destruiu inteiramente seu estúdio acarretando a perda de seu equipamento e de todos os seu negativos. Entusiasta do formato panorâmico, chegou a mandar produzir câmaras sob encomenda em Paris para atender às suas especificações pessoais, um esmero técnico perfeitamente contrabalançado por um fina sensibilidade estética. Premiado na Exposição do Centenário da Independência dos Estados Unidos, na Filadélfia em 1876, foi o único a merecer o título de Photographo da Marinha Imperial antes de ser sagrado Cavaleiro da ordem da Rosa em 1885. Participou da Comissão Geológica do Império, integrando a expedição comandada por Charles Frederick Hart em 1875, oportunidade em que foi o primeiro a fotografar os índios Botocudo na Bahia. Nesta e em outras viagens anteriores ou subsequentes, Ferrez veio a fotografar as províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Ceará, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul – um périplo sem equivalente na carreira de qualquer outro fotógrafo oitocentista.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Morre o Padre Simões

BELO HORIZONTE (22/01/09) - “Os sinos das igrejas de Minas dobram em respeito a Padre Simões, esse símbolo da religiosidade mineira. Ele será, sempre, parte viva da história de Ouro Preto e do nosso Estado como homem de fé e intransigente defensor do nosso patrimônio imemorial. Assim como os fiéis da Matriz do Pilar de Ouro Preto e de toda Arquidiocese de Mariana, colhemos, em sua vida e sua obra, exemplos e lições de determinação, solidariedade e justiça. Tive a honra de ser abençoado por ele, assim como dele também recebi sábios conselhos que nos ajudaram a conduzir Minas nos tempos mais difíceis. Sua presença ficará para sempre entre nós. A ele, a nossa homenagem, o nosso reconhecimento, o nosso carinho e a nossa saudade”. Aécio Neves - Governador de Minas Gerais.

Padre Simões
morreu na cidade de Ouro Preto onde também será enterrado, Padre Simões ficou conhecido por defender o patrimônio histórico

Padre Simões


Falar das cidades é falar das pessoas, são estas que fazem aquelas. Ouro Preto é padre Simões, pois o digno sacerdote fez a cidade ser parte do que ela é hoje. Padre Simões foi Ouro Preto, pois a cidade, a urbe e o povo, sempre foram o epicentro de seu pensamento e sua obra.
Padre Simões descansou essa semana; eufemismo apropriado para uma vida de trabalhos sacerdotais. Dedico esse post mais à homenagem familiar, da relação pessoal entre nossos clãs muito anterior ao meu nascimento ou mesmo ao dele. A vida pública do Vigário do Pilar deixo para outros relatarem.
Quanto a minha relação com Pe Simões, vou apontar dois aspectos pessoais que ilustram tudo mais: em primeiro lugar, encontrei-me com ele no rito batismal, não como inúmeros que ele batizou no exercício de seu dever de sacerdote, mas também como afilhado: padre Simões e sua irmã, dona Lúcia, se tornaram meus padrinhos na casa de meus pais, onde recebi o sacramento às pressas, pois eu estava morrendo (felizmente, como podem constatar, escapei de morrer, mas não escapei de ser feito cristão à minha revelia). Em segundo lugar, ele me deu minha primeira bicicleta! Sabem a importância que tem para um moleque a primeira bicicleta? Pois é... Tendo me dado aquele presente, padre Simões garantiu em meu imaginário, eternamente, um lugar de respeito e gratidão. Isso para destacar apenas o mais importante de uma série de agrados durante toda minha meninice.
Não resisto, vou apontar mais uma coisa que fazia meu padrinho e que era absolutamente notável: ele gostava de picolés, por isso, quantas e quantas vezes, quando eu estava na casa dele (a casa paroquial), ao passar um menino vendendo picolé na rua, padre Simões nos comprava não um ou dois, mas mais de uma dúzia de picolés do Crispim (excelentes!) e chupávamos todos, um após outro... Pode haver homem mais fabuloso que o que nos dá bicicleta e compra montes de picolés?
Depois que fiquei adulto, dei pra ter opiniões diferentes das dele em muitas coisas: distanciamo-nos - que bobagem. O respeito e o afeto não foram prejudicados pela divergência.
Padre Zé, como meus familiares mais velhos se referem a ele, foi contemporâneo de grupo de minha tia Lybia; ela tinha grande afeição por ele. Para ilustrar esse artigo, uso a foto que ele ofereceu a ela, por ocasião de sua ordenação, e as páginas que ele inscreveu no livro de recordações dela.
Ficam a foto e as palavras como testemunho do afeto entre as pessoas e as famílias.
Fica o mais como tributo e memória de uma bicicleta roxa e muitos picolés de coco e limão.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Direito à tradição


O tradicional fazer dos doces de São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto.

Foto: Rua do Carmo e matriz de São Bartolomeu.
Por Vinicius Antonio de Oliveira Dittrich.


São Bartolomeu, fica a 15 km de Ouro Preto. Localiza-se na latitude 20º 18' 54" Sul e longitude 43º 34' 41" Oeste e está a uma altitude média de 1028 metros.

Histórico: No final do século XVII, os bandeirantes fundaram São Bartolomeu, às margens do Rio das Velhas. A imponente Matriz, a Igreja de Nossa Senhora das Mercês e o casario colonial são pontos altos do Barroco Mineiro. A festa do Padroeiro, em 24 de agosto, revive as tradições do ciclo do ouro. São Bartolomeu é famosa por seus doces caseiros. Wikipédia: São Bartolomeu.
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