domingo, 1 de fevereiro de 2009

Polêmica no barroco mineiro


A pesquisadora e professora da Universidade Federal de Ouro Preto Guiomar de Grammont lançou um livro que derruba vários mitos sobre Antonio Francisco Lisboa (1730-1814), o Aleijadinho. Em Aleijadinho e o aeroplano o paraíso barroco e a construção do herói colonial (Civilização Brasileira, 322 pgs. R$45), ela questiona a paternidade do artista e até mesmo se ele seria tão deformado, já que não existem provas documentais ou materiais de sua doença, ou do impacto que ela teve no seu trabalho. Além disso, sua obra não foi tão vasta quanto se afirma, e muitas peças atribuídas a ele foram fruto de uma criação coletiva, de um ateliê. Um efeito colateral desse processo seria o ostracismo a que foram relegados diversos artistas da época, em prol do mito Aleijadinho. Guiomar mostra que o personagem de ficção Aleijadinho, como uma espécie de Quasímodo tropical, foi criado e recriado de forma fantasiosa desde sua primeira biografia, escrita por Rodrigo José Ferreira Bretãs em 1856, vinculada a um ideal romântico típico da época. Bretas teria inventado, por exemplo, um pai branco português para o artista, para torná-lo mais palatável como herói nacional. O livro é derivado da tese orientada por João Adolfo Hansen.




Guiomar é Brasileira, de Ouro Preto, Minas Gerais. Nasceu a 03 de outubro de 1963.
Graduada em História, Licenciatura Plena e Bacharelado, pelo Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. Cursou Especialização em Cultura e Arte Barroca no Instituto de Arte e Cultura da mesma Universidade. Realizou o Mestrado em Filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente, cursa o Doutorado em Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo, USP, sob orientação do professor João Adolfo Hansen. Frequentou os cursos da Ecole de Hautes Etudes en Sciences Sociales de Paris durante o ano de 1999 e primeiro semestre de 2000, sendo orientada pelo professor Roger Chartier.
Obteve «Menção Honrosa» na categoria Contos no 22º Concurso da Revista Literária da Faculdade de Letras da UFMG, com o conto «O Diário de Medéia», em 1989.
Publicou o livreto de contos Corpo e sangue, Belo Horizonte: Editora Dez Escritos, 1991.
Concorreu a uma bolsa da Fundação VITAE em São Paulo, com o projeto do romance intitulado A casa dos espelhos, sendo um dos contemplados para o ano de 1992. O romance, com o título Katábasis, produzido com o patrocínio da VITAE, ficou entre os dez finalistas do prêmio Cidade de Belo Horizonte, em 1995.
A coletânea de contos de sua autoria O fruto do vosso ventre foi agraciado com o «Prêmio Casa de las Américas 1993» de Cuba, publicada no mesmo ano em Havana pela Casa de las Américas, e no Brasil, em São Paulo, pela Editora Maltese, em 1994. O livro já foi traduzido para o alemão e, atualmente, está sendo traduzido para o francês.
Publicou artigos em diversos jornais e revistas científicas do país. Coordenou, de 1995 a 1998, o Curso de Especialização em Cultura e Arte Barroca no Instituto de Filosofia, Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto. Atualmente, faz a editoração da Revista do IFAC, uma publicação sobre cultura e arte barrocas da UFOP e leciona Filosofia da Arte para os cursos de Filosofia e Teatro. Organizou dois congressos internacionais sobre o barroco na cidade de Ouro Preto e, na Embaixada do Brasil em Paris, o Colóquio «Autour du Brésil Baroque» na ocasião da Exposição «Brésil Baroque: Entre Ciel et Terre» realizada no Museu do Petit Palais em Paris de 4 de novembro de 1999 à 4 de fevereiro de 2000.
Realizou leituras com sucesso de público na Casa de las Américas de Cuba, na Romanische Buchandlung em Berlin e na Cité Internationale Universitaire de Paris.
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